quinta-feira, 23 de outubro de 2014

da cidade, da saudade




sábado, 13 de setembro de 2014

Não. Vocês não vão.

O meu papel não está só na boca.
Está no peito. Tá na alma.
E essa não cala.
Enquanto VOCÊ atira.
Ela, aflita, grita:
- Pare!
Dê meia volta
Com suas meias verdades
Que só de ver, arde.

E deve ser por isso que todos fecham os olhos.
E soltam seus ódios.
E tentam acabar com essa praga.
Mas acredite: não faz sentido o que você prega.
Acorde, gente cega.





Nota:
Ainda há uma parcela da população que precisa de proteção. Você se sente suficientemente protegido? Ótimo! Eu não. Mas eu quero, bem como você, me sentir assim: protegido. Eu não te peço que lute comigo. Eu te peço que não me atrapalhe. E então não. Você não vai. 




Foto que serviu de inspiração de  Denis Lacerda Paula Araujo.

domingo, 24 de agosto de 2014

distorcido



se torcer por um abraço
      é dar o braço a torcer
     eu aceito
            afinal
        não tem que fazer sentido
tem que me fazer sentir



                        ainda que sem ti 

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

a.m.a.r.é

sem equilíbrio, caí
e aí foi só caos
me queria aí
e te quis pra cá
talvez ou aliás
me espere no cais

porque
se amar é só confusão
que a maré carregue
e me deixe só
(confissão)

ah, esse mar...
da cor dos seus olhos
ah, esse amor...
acordar aos seus olhos

seria lindo
se eu não estivesse a fugir
ou se eu não tivesse afogado

é a vez do sol agora        
ah, mas por quê?        
HM, tou cansado de marola     


quinta-feira, 17 de julho de 2014

alme-se


Este é mais um oculto.
Que te presto um culto.
Que grito: te curto!
Que eu surto.
Que me assusto.
'Que vejo seu vulto.
Que vejo se volto.
Que faço meu voto.
Que você me veta. Que saudade, Veveta.
Que lá fora venta.
Que alma diz: tenta.

Que eu desisto. E des-existo.

Às vezes, é preciso selecionar o que é foco. Outas vezes, não. 

sexta-feira, 27 de junho de 2014

bumerangue


Lá vem o mentiroso.
Já vai dizer que é ameno e que sabe ponderar.
                          (quem sabe, um dia, poderá?)
Lá vem o orgulhoso. 
Já vai dizer que agiu naturalmente.
                      (na tua mente - e só)
Lá vem o maduro. 
Já vai dizer que sabe lidar com a situação.
               (...parece são. Mas não se situa.)  
Lá vai o texto. Como pretexto e disfarce.
                                                  (de praxe)
Lá vou eu - ou a parte de mim que não se perdeu. 
Divago entre o meu e o céu,
seu e o mel
eu e fel. 
   
fiel


(Pronto! Mais um final, sem ponto, em que me desaponto). 

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Eu vou só, eu vou só!


Anália, me complete. Não me prenda.
Não me limite, me imite.
Vem, Anália. Vem que tem.
E, se não tiver, a gente faz.
Eu estou pronto, Anália.
Se apronte também. E vem. 

Eu comecei a escrever e ficou assim. Com e sem intenção, poesitizei o que já era poesia. E talvez eu até tenha estragado. Se não o fiz, confundi. Eu só queria mostrar como a música, com todas suas metáforas, me faz pensar. Fui lá e metaforizei, também, meu pensamento. É, eu não me aguento.  Mas era mais ou menos assim:

Faça o que quiser.  Desde que seja por você e não por Anália. Se ela for contigo, ótimo. Se ela não for, lamente (por ela, coitada). 


Ah, a música é Maracangalha, de Dorival Caymmi:



sábado, 29 de março de 2014

Direção: dê ré; - ação!

O vento sopra a meu favor...
Mas estou resfriado e ele tá vindo com neblina.
O vento sopra o meu favor...
Mas ele tá bagunçando todo o meu cabelo.
O vento sopra a meu favor...
E olha só, acaba de levar o mapa que eu estava seguindo.
O vento sopra a meu favor.
Hm, agora ele tá trazendo fumaça e, droga!, é de cigarro.

Uma constante: o sopro. Outra: sofro.
Já percebi que estou na direção errada. Mas isso não é poético. Se eu admitir, vai destruir a estrutura do texto e não foi pra isso que ele foi escrito. É pra ser muito bem estruturado, não sincero. Alguém pode não gostar, de verdade. E eu culparei o vento, de novo. 
Se não se importa consigo, faça isso pelo vento.
Sopre a seu favor.                                                 

segunda-feira, 10 de março de 2014

.:bloco de carnaval transcrito num bloco de notas:.



Me surge uma mão com sangue.                
Não havia nenhuma vontade em marcar o trajeto. Nem desejo de volta. Ainda assim, como se fossem as migalhas do conto de João e Maria, o percurso era notável. E não era pão que caía. Era paz. Em cada gota de sangue, uma gota de esperança. A coragem havia sido derramada no chão. Tingia a rua de vermelho. Aos poucos, a dor ofuscava a cor. Abre alas pro carnaval dolorido. De máscaras de compaixão.
Dos olhos, lágrimas. Do coração, o grito. Da sombra, a voz. "Olhem o que vocês fizeram, olhem o que vocês fizeram!"
                         Mas eu não fiz nada - pensei.
                         E aí está meu erro: eu devo fazer.
                         Mesmo que isso  
                                                me suje uma mão com sangue.