terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Sim, eu vou lembrar!

“Eu nunca tive muito, e tudo que tive de muito ou pouco, eu perdi.”


Eu sempre achei que tinha muito. Achava que tinha quase tudo, inclusive. No entanto, percebi que o meu muito, se filtrado, se tornaria pouco.
Hoje percebo que desconhecia o significado de uma amizade. Nestes últimos anos tenho descoberto, pouco a pouco, o que é ter um amigo.
Lembro-me de como era inseguro e vivia fingindo amizades para disfarçar meu sofrimento…
Eu tinha teorias e pessoas para acreditar nelas. Às vezes, eu fingia tão bem que também acreditava. Eu sabia a fórmula da amizade. Eu não sabia o que é amizade.
Eu era destemido. Invejado. Tinha popularidade, opinião e presença. Não havia ‘eu’, havia uma mercadoria a ser vendida.

Por sorte, e jamais por merecimento, conheci alguém que não só se importava comigo, como também com minhas atitudes. Só que, por idiotice (que até hoje me arrependo e choro por ter feito) e por ‘fodãonismo’, machuquei este alguém. Eu teria continuado o monstro que fui se este alguém, que não precisava de mim pra ser feliz, não me quisesse ao seu lado. Eu via superioridade nas suas ações exatamente porque eram puras e, ainda que com o coração partido e com motivos de me odiar pra sempre, veio falar comigo. Eu chorei. E comecei, a partir de então, querer ser como este ser. Eu mudei.


Agora eu não mais me achava o melhor. Muito pelo contrário. Agora eu não era bom o suficiente pra nada e pra ninguém. Talvez eu tenha sido mimado e, por isso, ficava oscilando entre as extremidades do ego. Eu não ouvia ninguém, afinal ninguém entendia o que se passava (e ainda passa) em minha mente. Eu ainda sofria, eu precisava falar, mas falar o quê? E pra quem? O que eu disse eu não sei, mas eu sei muito bem pra quem eu disse. Eu não me recordo também se, de fato, disse algo. Quando alguém te conhece de verdade, sabe o que te aflige ainda que você não diga nada. E foi assim comigo. Meu primeiro, único e sincero desabafo. E, apesar de não conhecer tanto aquele que melhor me conhece, eu confio. Ele tem teorias bem mais convincentes que as minhas. Ele conhece, de verdade e a fundo, uma amizade verdadeira. Eu tinha medo de não saber retribuir até perceber que me importar em retribuir, talvez, fosse suficiente. Eu aprendi.

Eu tinha as teorias, só faltava aplica-las.

À início, aplicava as teorias ditando-as às pessoas. Não funcionava. Eu percebia que as pessoas precisavam crescer e esqueci-me de crescer com elas. Só que a vida, esta danada, me presenteia com alguém com a mente igual à minha (só que com 20 minutos de atraso). Eu estava disposto a melhorar aos outros e então não tive limites nas teorias. Algumas não funcionavam, pois eram tão vazias quanto eu. Já outras, voltavam a mim como atitudes. É, foi isto que eu plantei. Atitudes. Não, calma! “Eu plantei”, não. Nós plantamos. Eu não estava ensinando nada a ninguém, eu estava aprendendo e colocando em prática o que eu já havia aprendido. Eu não mudei ninguém. Se alguém acha que não deve mudar por si mesmo, não deve mudar por ninguém. Você muda quando percebe que pode ‘conquistar um pouco mais de tudo’ através do que você é e, por insegurança, tenha escondido do mundo. Crescer sozinho é muito bom, crescer com aquele que é tido como o ‘increscível’, então, é perfeito. Nós crescemos.

Eu não vivo de sacrifícios, eu vivo de amor, ainda que, às vezes, tenha que me sacrificar.
Eu sei muito bem por quê e por quem eu tenho dispensado amor... Eu não me arrependo.

Hoje eu sei que tenho pouco, mas este pouco que tenho é do tamanho do mundo. E é meu, e ninguém pode me tomar, e eu amo, e é muito.

Sou grato aos meus amigos que, ainda que sem intenção, me tornaram alguém melhor.






@JaiceCris, @DuiliumCastro e @HugooDeleon, não se esqueçam de mim, assim como, na ordem dos acontecimentos, não me esqueço(ci) de vocês.

Não era pra ser meloso, mas eu não consigo. ;)