Me surge uma mão com sangue.
Não havia nenhuma vontade em marcar o trajeto. Nem desejo de volta. Ainda assim, como se fossem as migalhas do conto de João e Maria, o percurso era notável. E não era pão que caía. Era paz. Em cada gota de sangue, uma gota de esperança. A coragem havia sido derramada no chão. Tingia a rua de vermelho. Aos poucos, a dor ofuscava a cor. Abre alas pro carnaval dolorido. De máscaras de compaixão.
Dos olhos, lágrimas. Do coração, o grito. Da sombra, a voz. "Olhem o que vocês fizeram, olhem o que vocês fizeram!"
Mas eu não fiz nada - pensei.
E aí está meu erro: eu devo fazer.
Mesmo que isso
me suje uma mão com sangue.
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